terça-feira, 12 de julho de 2016

Texto – Conhecimento e sala de aula

Olá, esta postagem trará algumas considerações feitas a partir do capítulo “Conhecimento e sala de aula” do livro “Ensino de Ciências: Fundamentos e métodos”, de Martha Marandino et al. Acompanhe!!

Primeiramente, a sala de aula é um local privilegiado do ponto de vista das relações.

Falando sobre a dimensão epistemológica das interações, que é sobre como se são as teorias do conhecimento, de acordo com os papeis do sujeito do conhecimento e objeto do conhecimento. Distintos filósofos da ciência realizaram análises epistemológicas que destacaram que tanto a concepção empirista como a racionalista, enquanto bases para a compreensão do problema do conhecimento, não se sustentam quando são consideradas teorias científicas. Argumentaram sobre a inconsistência do pressuposto da neutralidade epistemológica do sujeito do conhecimento – como queria a visão do empirismo e positivismo – para explicar o surgimento de novos conhecimentos científicos.

Kuhn introduz o uso do termo paradigma, argumentando que no desenvolvimento da ciência ocorrem rupturas, ou seja, um paradigma é substituído por outro.

A dimensão educativa das interações envolve a análise dos educadores Paulo Freire e George Snyders – contemplam fundamentos que permitem estruturar práticas educativas relativas aos aspectos da veiculação do conhecimento na educação escolar.

Programação e planejamento didático: duas categorias de conhecimento – científico e senso comum (conhecimento prévio do aluno).

Abordagem temática – possibilita a ocorrência de ruptura durante a formação dos alunos. É importante que a estrutura das atividades educativas, incluindo a seleção de conteúdo que devem constar na programação das disciplinas, bem como sua abordagem sistematizada nas salas de aula.

Rompe com o tradicional paradigma curricular cujo princípio estruturante é a conceituação científica – currículo concebido com base numa abordagem conceitual.

Conceituação científica – subordinada tanto às temáticas significativas como à estrutura do conhecimento científico.
Abordagem conceitual: perspectiva curricular cuja lógica de organização é estruturada pelos conceitos, com base nos quais se selecionam os conteúdos de ensino. Para Snyders – transformação envolve processos de continuidade de ruptura.

Aluno – traz para a escola algo que está relacionado ao senso comum e relaciona com sua interpretação dos temas – Essa transformação precisa ser transformada.

“É necessário que a cultura elaborada, ou seja, as teorias científicas, em processo de ruptura com a cultura primeira, seja apropriada pelo aluno”.

Tarefa da educação escolar – trabalho didático-pedagógico que considere explicitamente as rupturas que os alunos precisam realizar, durante o processo educativo – conteúdos tornem-se programáticos escolares. Snyders: “não é uma simples transformação do conhecimento, é uma reforma do conhecedor”.

A dimensão didático-pedagógica das interações explicita alguns aspectos da contribuição que Freire e seus seguidores têm dado para uma compreensão da atuação pedagógica com essa cultura que o aluno já detém.

Apreensão do significado e interpretação dos temas por parte dos alunos que precisa estar garantida no processo didático-pedagógico, para que os significados e interpretações de dados possam ser problematizados.

Diálogo a ser realizado refere-se aos conhecimentos que ambos os sujeitos da educação, aluno, professor, detêm a respeito do tema, objeto de estudo e compreensão.

Estrutura curricular – não se organize apenas nas perspectivas da abordagem conceitual, mas sim mediante a abordagem temática.

Momentos pedagógicos

Problematização inicial – caracterizado pela apreensão e compreensão das posições dos alunos ante as questões em pauta.

Organização do conhecimento – conhecimentos necessários para a compreensão dos temas e da problematização inicial são sistematicamente estudados.

Aplicação do conhecimento – abordar sistematicamente o conhecimento que vem sendo incorporado pelo aluno.



Bem, esperamos que esta postagem venha contribuir com sua prática docente, assim como as outras que já fizemos neste blog. Lembre-se sempre de deixar suas considerações nos comentários!!

Até mais!!





Referências: DELIZOICOV, Demétrio, et al. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. Cortez Editora, 2002.

Texto - Visões deformadas da ciência transmitidas pelo ensino

Olá, esta postagem trará algumas considerações feitas a partir do texto “Visões deformadas da ciência transmitidas pelo ensino”. Esperamos que gostem!!

Estudos apontam que a educação científica proporciona apenas conhecimento sobre características das estratégias de trabalho científico. Como resultado, as concepções de estudantes, e até mesmo os próprios professores, sobre a natureza da ciência não diferem das visões ingênuas adquiridas por impregnação social. Para tal, o artigo “Visiones deformadas de la ciencia transmitidas por la enseñanza” destaca a importância dessas visões distorcidas como um principal obstáculo para a renovação do ensino das ciências e analisa a atenção concedida pela pesquisa educacional em conjunto das deformações e reducionismos.

Foi feita uma análise sobre a compreensão dos professores do que é ciência e também uma análise literária, ou seja, de livros didáticos e livros utilizados por professores para ensinar. Em cada um dos estudos analisados, foram encontradas referências a eventuais reducionismos e distorções da atividade científica. Deve notar-se que,
muitas vezes, essas referências são breves e incidentais, mas contribuem, no entanto, para demonstrar o grau de preocupação para a sua existência.

Foram constatadas 7 visões presentes no ideário da compreensão das pessoas do que é ciência, e em cada uma delas apontando um quadro correspondente as referências bibliográficas.

7 visões deformadas de ciência


(1) Visão emprírico-indutivista e ateórica – Compreender ciências somente como produto de observação e experimentação NEUTRAS. (Fazer ciência aleatoriamente, “ateórica” porque não tem nada que embase, sem nenhum conhecimento anterior pra chegar ao resultado. Empirismo tem essa compreensão, de que a ciência se dá de forma indutiva).

(2) Visão rígida – Considera a ciência algorítmica, exata, infalível. O método científico é um conjunto de etapas a seguir mecanicamente.

(3)Visão aproblemática e ahistórica – Aproblemática por não possuir erros, falhas. Independe do tempo, do processo histórico o que se foi descoberto, quando na verdade é o oposto disso. Exemplo: Darwin chegou as conclusões que chegou de acordo com o contexto histórico o qual ele estava inserido.

(4) Visão exclusivamente analítica – Menos recorrente. Caráter limitado, simplificatorio, esquecendo de esforços subsequentes de unificação e construção do conhecimento cada vez mais amplo.

(5) Visão cumulativa (linear) – Produz conhecimento de forma linear, crescente e isso se acumula ao longo do tempo.

(6) Visão individualista e elitista – Uma das visões mais tratadas na literatura. Conhecimentos científicos aparecem como obra de gênios, que ignoram o papel do trabalho coletivo. Também acaba disseminando a distorção de que é uma prática masculina.

(7) Visão descontextualizada e socialmente neutra – Todo conhecimento que a ciência produz é neutro, ou seja, a ciência ignora ou trata muito superficialmente as complexas relações entre ciência, tecnologia e sociedade.


Estas são as sete grandes deformações tratadas na literatura.  É nítido como todas elas, ou grande parte, já nos foram apresentadas ao longo da trajetória acadêmica ou até mesmo antes. Cabe a nós, futuros professores de ciências, pensar criticamente sobre o impacto causado por essas distorções e atuar a favor do rompimento de práticas que contribuem para que essas visões sejam cada vez mais disseminadas.

Até a próxima postagem!!



Referência

FERNÁNDEZ, Isabel, et al. Visiones deformadas de la ciencia transmitidas por la enseñanza. Enseñanza de las Ciencias, 2002, 20.3: 477-488.

História das Ciências Biológicas

A postagem a seguir vem tratar do livro “Ensino de Biologia: Histórias e práticas em diferentes espaços educativos” de Martha Marandino et al. A intenção é que haja uma fundamentação teórica a respeito do surgimento das ciências biológicas, muito importante para os professores de ciências e biologia!

O texto a seguir trata do capítulo “A modernização das Ciências Biológicas”. Acompanhe!!

Ainda no inicio de século XX os conhecimentos que estudavam a vida e seus processos, encontravam-se separadas entre elas, caracterizada em dois grandes grupos, os dos Descritivos da História Natural: Zoologia e Botânica; e os experimentais, Citologia, Embriologia e Fisiologia Humana. Isso só reforçava a menor faixa dada a esses conhecimentos biológicos em relação às outras áreas.

Mesmo com o uso do termo que define biologia com o estudo da vida, por Lamarck e Treviranus, a unificação desses conhecimentos só aconteceu muito depois. Não só devido à produção de conhecimentos, mas principalmente pela influência dos movimentos sociais, filosóficos e políticos das primeiras décadas do século XX, como a vertente Genética e principalmente o Positivismo Lógico, que assumiu que o conhecimento era autêntico quando tinha por base o empirismo, esse movimento trouxe a ideia de unificação das ciências diante de um único método, a partir da Lógica e da Matemática, e foi o que resguardou filosoficamente a ideia da unificação das Ciências Biológicas.

Esses acontecimentos foram provocando a comunidade de biólogos, que começaram a buscar a unidade na biologia em meio às diversas áreas existentes. Essa ação teve origem após admitir-se, em bases genéticas, a teoria da Evolução, proposta do Charles Darwin em 1859. Nesse momento da história, mesmo com a consolidação da seleção natural, a Teoria da Evolução tinhas algumas lacunas, devido aos eventos Mendelianos ocorrerem apenas mais a frente. Essa dificuldade em provar a Teoria de Darwin teve grandes reflexos nas Ciências Biológicas, pois muitos, em seu interior, acreditam na evolução orgânica, mesmo ela não sendo provada, assim como todas as outras vertentes das Ciências Biológicas, que não eram tradicionalmente experimentais, mas derivam da História Natural. A partir disso os esforços para unificação dos conhecimentos biológicos concentraram-se em tornar a 
Evolução uma ciência positivista, e foi com a contribuição de Gregor Mendel, que esses esforços ganharam prestígio e força.

Foi durante a década de 1910, com o aporte e pioneirismo de Ronald Fisher, John Burdon Sanderson Haldane e Sewall Wright em genética de populações que a evolução passou a ser aprofunda quantitativamente, um grande exemplo de como os modelos matemáticos passaram a influenciar os pesquisadores dentro das Ciências Biológicas é o Equilibro de Hardy e Weinberg (inicio do século XX), esse emprego cada vez mais usual levou a Evolução a passar por um processo de atualização e modernização. Por fim, através dos estudos de Thomas Hunt Morgan, Hermann Joseph Muller e Theodosius Dobzhansky a evolução ficou definida como mudança na frequência gênica em populações. Foi assim então que a genética de populações preencheu as lacunas que existiam na teoria de Darwin, e a partir disso, novas maneiras de interpretar e estudar essa área foram surgindo e ajudando na unificação dessas ciências.

Entre as duas Grandes Guerras e após a Segunda Guerra Mundial o movimento de unificação se torna mais forte e evidente nos Estados Unidos, onde cientistas defendiam abertamente a ideia de unificação a partir da Teoria Evolucionista. Todo o movimentos  que ocorreu em torno disso (convenções, reuniões, pesquisas, lançamento de livros e publicações)foi denominado neodarwinismo, ou a Teoria Sintética da Evolução, entretanto ainda existiam diversos aspectos e hipóteses a se consolidarem.

Existiam ainda muitos conflitos entre biólogos e disputas entre algumas áreas, porém os avanços das pesquisas biomoleculares ganharam muita atenção após o modelo de DNA de Watson e Crick que contribuíram para a consolidação da Biologia Moderna, ampliando seu prestígio, devido ao grande valor de aplicação e implantação.

Assim as palavras ditas por Dobzhansky “nada em biologia faz sentido, se não for à luz da evolução”, tornam-se emblemáticas na compreensão do quão a Evolução passou a ser a teoria organizadora do mundo dos seres vivos. Foi assim então que tanto a Genética Molecular quanto a Citologia, assim como a História Natural que originou a Ecologia junto a outras áreas; e isso também pode ser aplicado a Paleontologia e aos inúmeros campos da Fisiologia se fortaleceram com a resignação da evolução.  

A modernização e a consolidação da unificação das Ciências Biológicas a partir das Ciências Naturais e as pesquisas biomoleculares, ganharam muito impulso com a engenharia genética que estourou na década de 1980. Nos primeiros anos do século XXI o cenário das Ciências Biológicas é muito diferente. Os desafios estão diante as problemáticas ambientais que vem desafiando as áreas que envolvem a biologia a ampliar seus conhecimentos.

Portanto mesmo com a persistente existência das discordâncias internas, é possível afirmar que atualmente todas as áreas do conhecimento das Ciências Biológicas aceitam a Evolução, logo estão unificadas.


Esperamos que tenham gostado do texto, que é muito enriquecedor para a formação docente. Voltamos no próximo post tratando das visões deformadas da ciência. Até la!!



Referências: MARANDINO, Martha; SELLES, Sandra Escovedo; FERREIRA, Marcia Serra. Ensino de Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. Marandino, M.; Selles, SE; Ferreira, MS São Paulo: Cortez, 2009.

As diversas abordagens de ensino: Reflexões

Olá, neste post trouxemos algumas reflexões que achamos conveniente que cada um faça a si mesmo. Vamos lá!!


(1) Em qual das abordagens postadas sua prática docente se enquadra?

(2) Após ler todas as postagens sobre as diversas abordagens de ensino, você pretende ter a mesma postura em sala de aula?

(3) Qual dessas abordagens você considera mais difundida na(s) escola(s) em que você atua?

(4) Você considera que a abordagem que você tem como base contribui na formação social/cidadadã de seus alunos?

(5) No seu ponto de vista, é importante conhecer essas abordagens e saber a diferença entre elas?

(6) Qual dessas abordagens você considera mais difícil de assumir na(s) escola(s) em que atua?



Bem, essas são questões gerais que quando refletidas podem trazer grandes contribuições para a prática docente. Pedimos que deixem suas respostas no espaço destinado aos comentários.

Até a próxima postagem!!

As diversas abordagens de ensino: Abordagem Sociocultural

Olá, este é o último post da série “As diversas abordagens de ensino” e trataremos da abordagem sociocultural. Leia a seguir!!

Paulo Freire é o autor que recebe destaque (foto abaixo).


Paulo Freire freire tem obras que tratam da vertente sócio-político-culturais de forma mais contextualiza e preocupada com a cultura popular nacional. Esta preocupação surge no fim da Segunda Guerra Mundial, e o movimento, no caso do Brasil, é focado nas camadas sócio-econômicas inferiores, com a tarefa de alfabetização do adulto. Assim essa abordagem promove ações a partir do que é relevante ao povo, porém sem oferecer conceitos prontos, e sim materiais que são pertinentes a tal camada social, desta forma, espera-se que o indivíduo possa, por si só, assumi-las e não consumi-las.

Considera-se tanto o homem quanto o mundo por ser uma abordagem interacionista, entretanto o sujeito é quem elabora e cria o conhecimento. Além disso, entende-se a educação como válida a partir do momento em que ela considera a vocação do sujeito e seu contexto, pois mulheres e homens se tornarão sujeitos quando refletirem sobre o ambiente em que vivem, onde a reflexão torna possível a conscientização e a tomada de ação, pelo sujeito, para intervir sobre sua realidade de forma autônoma.  Portanto toda ação educativa é em benefício do próprio indivíduo e não uma formação ou adaptação do mesmo à sociedade e seus pré-supostos, e isso se da por meio das práxis, consideradas por Paulo Freire como ação e reflexão dos homens e mulheres sobre o mundo, com o objetivo de transformá-lo, possibilitando a consciência crítica e libertação do sujeito.

Mulheres e homens cultivam e criam a cultura ao instituir relações a partir de situações como: interações, incorporação e critica, logo é uma aquisição sistemática das experiências humanas, pois esta será crítica e criadora e jamais um armazenamento de informações acumuladas. Já a participação do indivíduo como sujeito na sociedade, na cultura e na história é por meio da conscientização, anulando a mitificação. A mitificação da realidade é feita pelo opressor, e o oprimido é aquele que aceita essa realidade mítica sem conseguir criticá-la, e é essa distorção que mantém a realidade da estrutura dominante.

A percepção da situação-limite (aquilo que oculta temas) possibilita, através da reflexão, que o sujeito transcenda o que existe além dela, diferente daquele que se resume a temer essas possibilidades e anula a realização das mesmas, sejam elas quais forem. Para que ocorra a humanização (conscientização de sua inclusa no objeto, mundo, junto a outros sujeitos) é necessário superar as situações limites.

No caso da sociedade Latino-americana e sua história a escola é um instrumento de manutenção dos sujeitos que não superam as situações-limite, logo uma sociedade objeto, onde o pensamento é dissociado da ação. Homens e mulheres alienados são atraídos pelo estilo de vida da sociedade dominante e se distanciam do seu mundo real, onde as possíveis reflexões e pensamentos do individuo objeto são, na verdade, reflexo do pensamento das sociedades dominante, porém a sociedade dominante também peca nesse sentido, pois acreditam na infalibilidade de seu pensamento.

O processo de transição dessa sociedade considerada fechada dá inicio a um dinamismo em todas as partes referentes a vida social, isso a partir das contradições existentes nesse sistema, que já não contempla a realidade, e essas etapas são caracteriza como períodos históricos, pois diante de uma Democracia autêntica os indivíduos não devem se reduzir a objetos do poder ou governo, pois são co-gestores.

O individuo é constantemente desafiado e, ao decorrer disso, ele responde de diferentes formas, onde a resposta modifica a sua realidade e a si mesmo. O conhecimento é constituído a partir do pensamento e prática e o processo de conscientização é sempre inacabado, ou seja, é o constante desvendamento e critica da realidade e aproximação epistemológica do objeto em análise.

A ação educativa, por definição, deve ser feita por meio da reflexão sobre o individuo e de uma análise de seu contexto, assim mulheres e homens nessa afirmação passam a serem sujeitos educadores. Quando a ação não é constituída de reflexão ela resulta num método que torna o individuo objeto, assim como a ausência da análise do meio implica na realização de uma educação pré-fabricada e não direcionada ao individuo. Vendo isso, é preciso que se faça da conscientização o primeiro objetivo da educação. É possível ainda afirmar que a educação não é neutra, pois a ação educativa ou é libertária ou contribuiu para a domesticação dos homens e mulheres. Portanto a educação é o fator base na transição da conscientização primitiva para a conscientização crítica, que, por sua vez é continuo.

Nessa concepção a educação não se restringe a escola e nem a educação formal, porém ela esta incluída entre os espaços de aprender, entretanto estamos falando de um crescimento ambilateral, tanto do professor quando do aluno, pois o sujeito pode assumir os dois papéis no processo de conscientização. Para Paulo Freire a escola é uma instituição inserida num contexto histórico de certa sociedade, para compreender seus fenômenos e sua existência é preciso estudar como o poder é definido na sociedade e por quem ele esta atuando. 

A situação de ensino-aprendizagem nessa vertente deve superar a relação opressor-oprimido, e para isso ser realizado é necessário que haja: o próprio reconhecimento como oprimido, engajamento nas práxis libertadoras, também por meio do dialogo, pois ele proporciona a percepção da realidade opressora, solidarizar-se com oprimido, ou seja, entender sua situação e lutar para superá-la; e transformar as situações que geram opressões. Assim a educação problematizadora é o que ajudará na superação da relação opressor-oprimido, pois esta desenvolve a consciência critica e liberdade a fim de superar as contraditórias educações bancárias (autoritarismo, intelectualismo alienante e falsa consciência).

A relação professor-aluno tem que ser horizontal, e jamais imposta, pois num processo educacional real o educador também assume o papel de educando, assim como o educando pode também tornar-se educador. Quando um professor está engajado em numa prática transformadora, ele procura sempre o questionamento e a desmistificação do estudante diante da cultura dominante, e valoriza a linguagem e cultura deste, promovendo condições para que os estudantes por si só, e com propriedade, analisem seu contexto. Tem que haver preocupação individual com cada um dos estudantes, com o processo e não com o produto da aprendizagem academicamente padronizada.  

Neste método é feito uma codificação inicial, um recorte de uma situação existencial real ou construída pelos estudantes, isso proporciona o primeiro exercício de distanciamento dos objetos já conhecidos e delimitados, buscando a reflexão conjunta ente professor e estudante criticando seu contexto. Essa codificação é como o indivíduo interpreta a sua realidade, e agora ela passa a ser o objeto de estudo e análise, pois essa busca por um tema gerador preza objetivar realidades, permitindo sua práxis e, caso isso seja feito constantemente, é possível alcançar um profundo nível de conscientização e crítica.

Além disso, as interações permitem que o indivíduo influa sobre o espaço-tempo, assim como ele também é tocado por esse meio. Transportando isso para este método, Paulo Freire entende que é por meio do debate e do diálogo, relação horizontal entre pessoas, que surge o conteúdo programático da educação, onde a palavra é ação e reflexão. Entretanto é preciso saber que quando temos a palavra separada da ação ela é apenas verbalismo, quando só existe a ação sem reflexão é ativismo e a ação só pela ação impede o diálogo. Como exemplo, na alfabetização, a educação problematizadora busca investigar a palavra geradora e após a alfabetização, busca temas geradores.

A avaliação nesta abordagem consiste na auto-avaliação e/ou avaliação mútua e constante da prática educativa por professor e aluno. Nesse contexto as avaliações formais perdem o sentido, pois se assume que tanto o professor quanto o aluno identificarão suas dificuldades e seus progressos, pois a avaliação é a ação educativa e não um recorte dela.


Você conhecia esta abordagem e suas características? Deixe seus comentários, perguntas e críticas. É importante essa interação!!

A próxima postagem será diferente, não perca! Até mais!!




Referência: MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. Editora Pedagógica e Universitária, 1986.

As diversas abordagens de ensino: Abordagem Humanista

Olá, neste post trouxemos algumas considerações principais sobre a abordagem humanista. Vamos lá !!

Dentro da literatura temos as concepções de C. Rogers, ensino centrado no aluno, personalidade e conduta e do espotaneísta A Neill. Nesta abordagem veremos o foco nas relações interpessoais e o crescimento resultante das mesmas, centrado no desenvolvimento da personalidade de meninas e meninos. Outro destaque é a vida psicológica e emocional do individuo e a construção de uma visão autêntica de si. O professor não é visto como aquele que ensina, mas sim, um facilitador da aprendizagem, pois o conteúdo é fruto das próprias experiências dos estudantes e a atividade é algo natural que se tem a partir da interação com o meio.

O homem situa-se no mundo e é um ser único, assim como suas concepções sobre o mundo. Experiências pessoais e subjetivas são a base do conhecimento abstrato, sendo assim, não há moldes ou regras a serem seguidas e sim um vir-a-ser, com objetivo de uso pleno das potencialidades e capacidade se um ser. Segundo Rogers homens e mulheres devem ser independentes, diferentes, autônomos, e devem ser aceitos e respeitados, onde a experiência e os sentimentos desempenham papel de crescimento. Assim o individuo é o arquiteto de si mesmo é um agente transformador e de transformação diante do mundo e da realidade.

Para Rogers o mundo é algo subjetivo, pois ele é reconstruído pelos homens e mulheres a partir de percepções, estímulos e experiências, eles são os configuradores e o ambiente é o que da às condições para as expressões pessoais, visando a ampliação das potencialidades inerentes de um ser. Geralmente a concepção individual de mundo não é parecida com a definição de mundo objetivo, ele pode variar entre mais próximo e mais distante disto. O “eu” também se forma a partir da concepção de mundo, pois mesmo que o foco seja o sujeito o ambiente é o que desenvolve essas percepções.

Nas relações sociedade-cultura o foco é o sujeito, Rogers diz que a única autoridade relevante aos indivíduos é a qualidade no estabelecimento de relações interpessoais, pois isso resulta em auto-responsabilidade, sendo assim seriam mais flexíveis, adaptáveis e criativos. A ênfase a partir desta abordagem é o processo e não o estado final, não é aceito o controle e manipulação das pessoas por uma ordem vigente e nem pelos ideais sociais, a ideia é a educação em serviço das pessoas e da felicidade delas, pensando sempre no ser autêntico.

O conhecimento parte da experiência pessoal, e este é subjetivo, onde o sujeito tem o papel central na elaboração e criação do conhecimento. A experimentação leva ao conhecer, pois ela é um conjunto de ações e relações vividas e amostradas, ao mesmo tempo nada é acabado, e sim uma constante dinâmica, pois os seres humanos têm uma curiosidade natural para o conhecimento.

Esta Abordagem trata da educação do sujeito e não dela como um sinônimo de situação escolar (instituição e sala de aula) ou formal. Ou seja, ensino centrado no estudante, onde ele assume a responsabilidade em se educar, possibilitando a auto-aprendizagem promovendo o desenvolvimento intelectual e emocional do sujeito. A adoção dessa vertente entende que quando essas condições se estabelecem o indivíduo tem mais iniciativas, responsabilidades, autodeterminação, discernimento, autonomia nem novos desafios e flexibilidade em novas situações. Essa abordagem assume então que tudo que estiver a serviço do crescimento pessoal, interpessoal ou intergrupal é educação e o motivo de aprender devem ser os do próprio estudante

A escola deve respeitar a criança como ela é e proporcionar condições para que ela possa desenvolver seu processo de vir-a-ser, valorizando a autonomia do aluno. Onde as leis são estabelecidas por um parlamento escolar com reuniões regulares. Entretanto entende-se que pela essência dessa abordagem, ela não poderia ser realizada em escolas comuns.

O ensino é centrado na pessoa a aprendizagem em tudo que envolve um ser. 

O professor é um ser que aprendeu a usar-se com êxito para alcançar seus próprios propósitos e da sociedade na educação de outros, é por isso que não é possível propor esquematizar e padronizar estratégias de ensino ao professor, pois cada um deve elaborar seu repertório, e o mesmo, não precisa necessariamente, obter competências e conhecimentos (currículo), a única constituinte dessa ação é compreender-se e compreender os outros. Além disso, na prática o professor é o facilitador da aprendizagem, aceitando o aluno como ele é e compreendendo os sentimentos que possui, só assim será possível desenvolver um ambiente favorável para o aprendizado.

Já o aluno deve se responsabilizar pelos objetivos da aprendizagem, pois esses têm um significado para ele, e por isso é tão importante. Deve também se comprometer com o auto-desenvolvimento.  

A metodologia – Todas as técnicas e métodos existentes (audiovisuais, técnicas didáticas, recursos, meios, mídias entre outros) ganham segundo plano por serem consideradas falhas, pois, não são elas que facilitam a aprendizagem, e sim o estilo próprio que cada professor desenvolve. O ideal é que se proporcione curiosidade, encorajamento de seus próprios interesses, recursos; responsabilidade dos atos e escolhas, formação consciente do estudante, interações e problematização de situações reais, flexibilizar e desenvolver no aluno a autodisciplina critica. Na prática a pesquisa dos conteúdos deve ser feita pelos estudantes que poderão criticá-las, aperfeiçoá-las ou mesmo substituí-las

A avaliação – Tanto Rogers quanto Neill abominam qualquer forma de modelagem nos produtos de aprendizagem, por isso assumem defendem a auto-avaliação, onde só o individuo entende e compreende sua própria experiência, logo só deve ser julgada só pelos seus próprios critérios. Isso implicará no assumir de responsabilidade de sua aprendizagem, pois haverá uma auto-avaliação de critérios e se seus objetivos estão sendo atingidos.     


Você conhecia esta abordagem e suas características? Deixe seus comentários, perguntas e críticas. É importante essa interação!!

A próxima postagem é a última da sequência de abordagens de ensino, a abordagem sociocultural, já ouviu falar? Então continue acompanhando o Ciensino. Até mais!!




Referência: MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. Editora Pedagógica e Universitária, 1986.

As diversas abordagens de ensino: Abordagem Comportamentalista

Olá, neste post trouxemos algumas considerações principais sobre a abordagem comportamentalista. Acompanhe!!

O principal autor dessa abordagem é Burrhus Frederic Skinner, mais conhecido como apenas Skinner.


Essa abordagem é caracterizada pelo primado do objeto (empirismo), em que o conhecimento é uma descoberta, ou seja, novo para o indivíduo que o faz, mas já se tinha presente na realidade exterior do mesmo. A experiência ou experimentação planejada será um dos pilares do conhecimento, pois evidencia-se que a origem empirista está na consideração do conhecimento como resultado direto dessa experiência do indivíduo.

Para o comportamentalismo, a ciência é vista como uma tentativa de descoberta da ordem na natureza e nos eventos, em que se pretende demonstrar que certos acontecimentos relacionam-se sucessivamente uns com os outros.

Ciência e comportamento são considerados chaves para conhecer os eventos, tornando-se possível a sua utilização e consequentemente seu controle. E o conteúdo transmitido visa objetivos e habilidades que levem a competência, tornando para Skinner possível a analise funcional do comportamento nesse contexto. A análise comportamental do ensino se ressalta pois há necessidade de considerar tanto os elementos do ensino como as respostas do aluno (próprio comportamento)

O aluno é como um recipiente de informações e reflexões, enquanto o professor precisa aprender a analisar os elementos específicos de seu comportamento, seus padrões de interação, podendo assim ganhar controle sobre e modifica-los, tanto em direções como em desenvolvimento, ou outros padrões.

O conceito de homem descreve e defende a hipótese de que o homem não é livre, sendo ela necessária para se poder ter a aplicação e um método científico no campo das ciências do comportamento. O ideal é que se volte o olhar para o meio, transferindo assim o controle da situação ambiental para o próprio sujeito, tornando-o auto controlável, autossuficiente.

Quanto ao mundo, para Skinner, a realidade é vista como um fenômeno objetivo, em que o mundo já é construído e o homem está inserido nele como um produto do meio (sendo esse manipulado e controlador do homem).

Sendo assim, o comportamento pode ser mudado através da modificação ou alteração dos elementos ambientais (meio seleciona), ou seja, condições das quais o ele é uma função (homem).

Ao falar de mundo, não se pode esquecer do conceito sociedade e cultura, entendidas como espaço experimental importante no estudo do comportamento, ou conjunto de contingencias de reforços. Defende-se o emprego de uma ciência, seja ela qual for, no planejamento de uma cultura.

Ter um planejamento social e cultural é de fato uma sociedade ideal para Skinner, em que haja uma cultura bem planejada, sendo um conjunto de contingências de reforço, sob a qual todos os membros têm um comportamento de acordo com procedimentos que mantêm a cultura, capacitam-na e modificam-na de modo a conseguir realizar essas mesmas coisas de forma mais eficiente no futuro”.

Seja qualquer ambiente, físico ou social, deve ser avaliado de acordo com seus efeitos sobre a natureza humana. A cultura, para essa abordagem, passa a ser representada pelo domínio de usos e costumes, pelos comportamentos que prevalecem como tempo porque são reforçados na medida em que servem ao poder.

O conhecimento é visto como experiência planejada, sendo também a base do conhecimento, ou seja, o conhecimento é o resultado direto da experiência, havendo uma preocupação com o controle do comportamento observável, estruturado indutivamente.

E passando do conhecimento para a Educação, há o dever de transmitir conhecimentos por ela, assim como comportamentos éticos, práticos sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente (cultural, social, etc). E além de tudo, está intimamente ligada à transmissão cultural.

O sistema educacional promove mudanças nos indivíduos, mudanças essas desejáveis e relativamente permanentes, o que implica aquisições e novos comportamentos.

A escola é vista como uma agência educacional que deve adotar forma peculiar de controle, de acordo com os comportamentos que se pretender manter e ao mesmo tempo instalar. Ela é responsável por manter, conservar e modificar (em partes) os padrões de comportamento aceitos como uteis e desejáveis para a sociedade, sem se esquecer do contexto cultural.

Com relação ao conceito de ensino-aprendizagem, ensinar consiste em um arranjo e planejamento de contingência de reforço, as quais os estudantes aprendem, e o professor assume uma responsabilidade de peso, assegurar a aquisição do comportamento. Mas, não se pode esquecer da ênfase na aplicação do método científico, tanto à investigação quanto à elaboração de técnicas e intervenções, objetivando mudanças comportamentais úteis e adequadas.

A relação professor-aluno foca na questão de que os educadores precisam controlar o processo de aprendizagem, o controle científico da educação.

O professor tem que planejar e desenvolver o sistema de ensino-aprendizagem, de forma tal que o desempenho de seu aluno seja máximo, levando em consideração os fatores, como economia de tempo, esforços e custos.

E para isso, há a metodologia, que enfatiza o uso de estratégias, que permitem um maior número possível de alunos, lembrando sempre da programação.

E por fim, a avaliação, pois é preciso pensar que no pressuposto que o aluno progride em seu próprio ritmo, em pequenos passos, sem cometer erros. A avaliação consiste, para essa abordagem, em constatar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos que foram propostos, se o programa foi conduzido até o final de forma adequada.


Você conhecia esta abordagem e suas características? Deixe seus comentários, perguntas e críticas. É importante essa interação!!

Na próxima postagem trataremos da abordagem humanista, já ouviu falar? Então fique ligado no Ciensino. Até a próxima!!



Referência: MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. Editora Pedagógica e Universitária, 1986.


As diversas abordagens de ensino: Abordagem Cognitivista

Olá, hoje trouxemos algumas considerações principais sobre a abordagem cognitivista. Vamos lá!

Principais representantes: Jean Piaget (foto abaixo) e Jerome Bruner.


A abordagem cognitivista se relaciona a processos centrais do indivíduo, tais como: organização do conhecimento, processamento de informações, estilos de pensamento ou estilos cognitivos, comportamentos relativos à tomada de decisões.

A aprendizagem é estudada cientificamente como sendo mais que um produto do ambiente, das pessoas ou de fatores que são externos o aluno. É dada ênfase em processos cognitivos e na investigação cientifica separada dos problemas sociais contemporâneos. A ênfase dada na capacidade do aluno de integrar informações e processá-las, se trata de uma abordagem interacionista.

Os conceitos de homem e mundo são analisados conjuntamente, o conhecimento é o produto da interação entre eles, entre sujeito e objeto, sem centro algum da relação (a importância não é dada totalmente a um ou outro).

Piaget defende o desenvolvimento do ser humano por fases que se se inter-relacionam e se sucedem até estágios de inteligência caracterizados por maior mobilidade e estabilidade.

O Indivíduo é um sistema aberto, em reestruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca alcançado por completo (os desequilíbrios e novos reequilíbrios são alcançados mesmo quando se alcança os estágios de maior mobilidade).

Com relação à sociedade e cultura, o desenvolvimento social deve caminhar no sentido da democracia, que implica deliberação comum e responsabilidade pelas regras que os indivíduos seguirão.

O nível de estruturação lógica dos indivíduos de qualquer grupo, constitui-se a infraestrutura dos fatos sociais daquele grupo. Logo, fatos sociológicos variam de grupo para grupo, de acordo com o nível mental médio das pessoas que constituem o grupo: regras, valores, normas, símbolos.

o conhecimento é uma construção contínua, a passagem de um estado de desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por formação de novas estruturas que não existiam anteriormente no indivíduo.

Não procede nem de um sujeito consciente de si mesmo nem de objetos já constituídos que a ele se importam, o conhecimento resultaria de interações que se produzem entre os dois. Logo o conhecimento humano é ativo.

Conhecer um objeto é agir sobre e transformá-lo. É assimilar o real às estruturas de transformações, e são as estruturas elaboradas pela inteligência enquanto prolongamento direto da ação.

A educação se resume no processo educacional que deve provocar situações que sejam desequilibradoras para o aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de desenvolvimento em que se encontram, de forma que seja possível a construção progressiva das noções e operações, ao mesmo tempo em que a criança vive intensamente cada etapa de seu desenvolvimento.

Não se formam pessoas autônomas moralmente se os alunos são constrangidos intelectualmente, ou seja, aprender por imposição sem descobrir. Logo a escola deve dispor de condições que possibilitem a autonomia dos alunos.

Seu objetivo não deve ser o de transmitir verdades, informações, demonstrações, modelos, mas sim em que o aluno aprenda, por si próprio, a conquistar essas verdades através da criação de soluções e estratégias, é preciso que explorem ao máximo os recursos.

A escola deve ensinar a criança a observar a realidade, investigar individualmente, ter liberdade de ação, trabalhar com assuntos condizentes ao nível de desenvolvimento de suas estruturas cognitivas pelo processo de equilíbrio-desequilíbrio, oferecer oportunidades do aluno desenvolver suas capacidades motoras, verbais e mentais que serão usadas para intervir na sociedade.

A formação de grupos deve ser espontânea, o tema estudado um verdadeiro desafio que proporcione interesse, essa é a motivação, esta não vem de fora, está em aprender. Cada reequilibração é um avanço, pois o aluno construiu um conhecimento mais completo que anteriormente.

O ensino-aprendizagem deverá ter diversas formas, pois a aprendizagem do aluno depende das esquematizações. O ensino procura desenvolver a inteligência e priorizar as atividades do sujeito, aprender envolve assimilação de objetos a esquemas mentais e depende do estágio de desenvolvimento do aluno e da sua competência. Uma aprendizagem verdadeira se dá pelo da inteligência, isso é, quando o aluno elabora seu conhecimento.

O ensino deve se basear sobre os erros, pesquisas, investigação e nas soluções criadas pelos alunos para resolver os problemas e não em nomenclaturas, fórmulas e definições. É importante considerar o "aprender a aprender", pois as crianças não foram ensinadas a pensar e desenvolvem mecanismos mais avançados de pensamento conforme pensam.

Na relação professor-aluno o professor não é transmissor de informações, deve conhecer o conteúdo da disciplina e criar condições favoráveis para o processo de desequilíbrio-equilíbrio (propor problemas mas não as soluções) e cooperação moral e racional, evitar rotinas e hábitos orientando o aluno a assumir sua autonomia, deve observar o comportamento dos alunos, conversar e deixar ser interrogado por eles, pois isso auxilia na sua aprendizagem e desenvolvimento.

O aluno não é um receptor de informações e deve ser tratado conforme as características de seu estágio de desenvolvimento, seu papel é ativo na aprendizagem e constitui em realizar: observações, comparações, análises, levantamento de hipóteses, argumentação e outras operações de pensamento.

Para a metodologia nessa abordagem, não existe um modelo pedagógico, mas sim uma teoria do conhecimento e do desenvolvimento humano que trazem implicações para o ensino. H.Aebli (1978) elaborou uma didática baseada em Piaget com contribuição de H. Furth, autores difundidos no Brasil.

O trabalho em equipe não atende apenas à socialização, à superação do egocentrismo e o desenvolvimento da autonomia, é decisivo no desenvolvimento intelectual do indivíduo, pois, ao compartilharem ideias, informações, decisões e responsabilidades; cada membro do grupo atua como um controle lógico do pensamento individual.

Toda assimilação da realidade, por parte do indivíduo, necessita de seus esquemas anteriores, o uso de recursos audiovisuais não é tão relevante, pois as matérias são tratadas de modo figurativo. O importante à criança é ela construir seu material, e não ser padronizado, pois os alunos aprendem com as próprias experiências e não com as feitas pelo professor que deve unir direcionamento com liberdade aos alunos.

A avaliação Terá de ser realizada com base se o aluno adquiriu noções, conservações e relações; seu rendimento poderia ser verificado através de expressões próprias, explicações práticas e causais.

O professor terá de considerar as soluções erradas, incompletas ou distorcidas pelos alunos, pois a cada estágio de desenvolvimento, a cada indivíduo e esquemas usados, há uma resposta diferente.


Você conhecia esta abordagem e suas características? Por que ela parece tão incomum na sala de aula? São questões que ficam para refletirmos. Deixe seus comentários, perguntas e críticas. É importante essa interação!!

Bem, esperamos que esse texto tenha sido de grande valia à você e voltaremos na próxima postagem tratando da abordagem comportamentalista. Até mais!!




Referência: MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. Editora Pedagógica e Universitária, 1986.