Olá,
este é o último post da série “As
diversas abordagens de ensino” e trataremos da abordagem sociocultural. Leia a
seguir!!
Paulo Freire é o autor que recebe destaque (foto abaixo).
Paulo Freire freire tem obras que tratam da vertente sócio-político-culturais de forma mais contextualiza e preocupada com a cultura popular nacional. Esta preocupação surge no fim da Segunda Guerra Mundial, e o movimento, no caso do Brasil, é focado nas camadas sócio-econômicas inferiores, com a tarefa de alfabetização do adulto. Assim essa abordagem promove ações a partir do que é relevante ao povo, porém sem oferecer conceitos prontos, e sim materiais que são pertinentes a tal camada social, desta forma, espera-se que o indivíduo possa, por si só, assumi-las e não consumi-las.
Considera-se tanto o homem quanto o mundo por
ser uma abordagem interacionista, entretanto o sujeito é quem elabora e cria o
conhecimento. Além disso, entende-se a educação como válida a partir do momento
em que ela considera a vocação do sujeito e seu contexto, pois mulheres e
homens se tornarão sujeitos quando refletirem sobre o ambiente em que vivem, onde
a reflexão torna possível a conscientização e a tomada de ação, pelo sujeito,
para intervir sobre sua realidade de forma autônoma. Portanto toda ação educativa é em benefício
do próprio indivíduo e não uma formação ou adaptação do mesmo à sociedade e
seus pré-supostos, e isso se da por meio das práxis, consideradas por Paulo
Freire como ação e reflexão dos homens e mulheres sobre o mundo, com o objetivo
de transformá-lo, possibilitando a consciência crítica e libertação do sujeito.
Mulheres e homens cultivam e criam a cultura ao instituir relações a partir
de situações como: interações, incorporação e critica, logo é uma aquisição sistemática
das experiências humanas, pois esta será crítica e criadora e jamais um armazenamento
de informações acumuladas. Já a participação do indivíduo como sujeito na
sociedade, na cultura e na história é por meio da conscientização, anulando a
mitificação. A mitificação da realidade é feita pelo opressor, e o oprimido é
aquele que aceita essa realidade mítica sem conseguir criticá-la, e é essa
distorção que mantém a realidade da estrutura dominante.
A percepção da
situação-limite (aquilo que oculta temas) possibilita, através da reflexão, que
o sujeito transcenda o que existe além dela, diferente daquele que se resume a
temer essas possibilidades e anula a realização das mesmas, sejam elas quais
forem. Para que ocorra a humanização (conscientização de sua inclusa no objeto,
mundo, junto a outros sujeitos) é necessário superar as situações limites.
No caso da sociedade
Latino-americana e sua história a escola é um instrumento de manutenção dos
sujeitos que não superam as situações-limite, logo uma sociedade objeto, onde o
pensamento é dissociado da ação. Homens e mulheres alienados são atraídos pelo
estilo de vida da sociedade dominante e se distanciam do seu mundo real, onde
as possíveis reflexões e pensamentos do individuo objeto são, na verdade,
reflexo do pensamento das sociedades dominante, porém a sociedade dominante
também peca nesse sentido, pois acreditam na infalibilidade de seu pensamento.
O
processo de transição dessa sociedade considerada fechada dá inicio a um
dinamismo em todas as partes referentes a vida social, isso a partir das
contradições existentes nesse sistema, que já não contempla a realidade, e essas
etapas são caracteriza como períodos históricos, pois diante de uma Democracia
autêntica os indivíduos não devem se reduzir a objetos do poder ou governo, pois
são co-gestores.
O individuo é constantemente desafiado e, ao decorrer
disso, ele responde de diferentes formas, onde a resposta modifica a sua
realidade e a si mesmo. O conhecimento
é constituído a partir do pensamento e prática e o processo de conscientização
é sempre inacabado, ou seja, é o constante desvendamento e critica da realidade
e aproximação epistemológica do objeto em análise.
A ação educativa,
por definição, deve ser feita por meio da reflexão sobre o individuo e de uma
análise de seu contexto, assim mulheres e homens nessa afirmação passam a serem
sujeitos educadores. Quando a ação não é constituída de reflexão ela resulta
num método que torna o individuo objeto, assim como a ausência da análise do
meio implica na realização de uma educação pré-fabricada e não direcionada ao
individuo. Vendo isso, é preciso que se faça da conscientização o primeiro
objetivo da educação. É possível ainda afirmar que a educação não é neutra,
pois a ação educativa ou é libertária ou contribuiu para a domesticação dos
homens e mulheres. Portanto a educação é o fator base na transição da
conscientização primitiva para a conscientização crítica, que, por sua vez é
continuo.
Nessa concepção a educação não se restringe a escola e nem a educação formal, porém
ela esta incluída entre os espaços de aprender, entretanto estamos falando de
um crescimento ambilateral, tanto do professor quando do aluno, pois o sujeito
pode assumir os dois papéis no processo de conscientização. Para Paulo Freire a
escola é uma instituição inserida num contexto histórico de certa sociedade,
para compreender seus fenômenos e sua existência é preciso estudar como o poder
é definido na sociedade e por quem ele esta atuando.
A situação de ensino-aprendizagem
nessa vertente deve superar a relação opressor-oprimido, e para isso ser
realizado é necessário que haja: o próprio reconhecimento como oprimido, engajamento
nas práxis libertadoras, também por meio do dialogo, pois ele proporciona a
percepção da realidade opressora, solidarizar-se com oprimido, ou seja,
entender sua situação e lutar para superá-la; e transformar as situações que
geram opressões. Assim a educação problematizadora é o que ajudará na superação
da relação opressor-oprimido, pois esta desenvolve a consciência critica e
liberdade a fim de superar as contraditórias educações bancárias (autoritarismo,
intelectualismo alienante e falsa consciência).
A relação professor-aluno
tem que ser horizontal, e jamais imposta, pois num processo educacional real o
educador também assume o papel de educando, assim como o educando pode também
tornar-se educador. Quando um professor está engajado em numa prática
transformadora, ele procura sempre o questionamento e a desmistificação do
estudante diante da cultura dominante, e valoriza a linguagem e cultura deste,
promovendo condições para que os estudantes por si só, e com propriedade,
analisem seu contexto. Tem que haver preocupação individual com cada um dos
estudantes, com o processo e não com o produto da aprendizagem academicamente
padronizada.
Neste método
é feito uma codificação inicial, um recorte de uma situação existencial real ou
construída pelos estudantes, isso proporciona o primeiro exercício de distanciamento
dos objetos já conhecidos e delimitados, buscando a reflexão conjunta ente
professor e estudante criticando seu contexto. Essa codificação é como o
indivíduo interpreta a sua realidade, e agora ela passa a ser o objeto de
estudo e análise, pois essa busca por um tema gerador preza objetivar
realidades, permitindo sua práxis e, caso isso seja feito constantemente, é
possível alcançar um profundo nível de conscientização e crítica.
Além disso, as interações permitem que o indivíduo
influa sobre o espaço-tempo, assim como ele também é tocado por esse meio.
Transportando isso para este método, Paulo Freire entende que é por meio do
debate e do diálogo, relação horizontal entre pessoas, que surge o conteúdo
programático da educação, onde a palavra é ação e reflexão. Entretanto é
preciso saber que quando temos a palavra separada da ação ela é apenas
verbalismo, quando só existe a ação sem reflexão é ativismo e a ação só pela
ação impede o diálogo. Como exemplo, na alfabetização, a educação problematizadora
busca investigar a palavra geradora e após a alfabetização, busca temas
geradores.
A avaliação
nesta abordagem consiste na auto-avaliação e/ou avaliação mútua e constante da
prática educativa por professor e aluno. Nesse contexto as avaliações formais
perdem o sentido, pois se assume que tanto o professor quanto o aluno
identificarão suas dificuldades e seus progressos, pois a avaliação é a ação
educativa e não um recorte dela.
Você
conhecia esta abordagem e suas características? Deixe seus comentários,
perguntas e críticas. É importante essa interação!!
A
próxima postagem será diferente, não perca! Até mais!!
Referência:
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. Editora
Pedagógica e Universitária, 1986.
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