terça-feira, 12 de julho de 2016

As diversas abordagens de ensino: Abordagem Cognitivista

Olá, hoje trouxemos algumas considerações principais sobre a abordagem cognitivista. Vamos lá!

Principais representantes: Jean Piaget (foto abaixo) e Jerome Bruner.


A abordagem cognitivista se relaciona a processos centrais do indivíduo, tais como: organização do conhecimento, processamento de informações, estilos de pensamento ou estilos cognitivos, comportamentos relativos à tomada de decisões.

A aprendizagem é estudada cientificamente como sendo mais que um produto do ambiente, das pessoas ou de fatores que são externos o aluno. É dada ênfase em processos cognitivos e na investigação cientifica separada dos problemas sociais contemporâneos. A ênfase dada na capacidade do aluno de integrar informações e processá-las, se trata de uma abordagem interacionista.

Os conceitos de homem e mundo são analisados conjuntamente, o conhecimento é o produto da interação entre eles, entre sujeito e objeto, sem centro algum da relação (a importância não é dada totalmente a um ou outro).

Piaget defende o desenvolvimento do ser humano por fases que se se inter-relacionam e se sucedem até estágios de inteligência caracterizados por maior mobilidade e estabilidade.

O Indivíduo é um sistema aberto, em reestruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca alcançado por completo (os desequilíbrios e novos reequilíbrios são alcançados mesmo quando se alcança os estágios de maior mobilidade).

Com relação à sociedade e cultura, o desenvolvimento social deve caminhar no sentido da democracia, que implica deliberação comum e responsabilidade pelas regras que os indivíduos seguirão.

O nível de estruturação lógica dos indivíduos de qualquer grupo, constitui-se a infraestrutura dos fatos sociais daquele grupo. Logo, fatos sociológicos variam de grupo para grupo, de acordo com o nível mental médio das pessoas que constituem o grupo: regras, valores, normas, símbolos.

o conhecimento é uma construção contínua, a passagem de um estado de desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por formação de novas estruturas que não existiam anteriormente no indivíduo.

Não procede nem de um sujeito consciente de si mesmo nem de objetos já constituídos que a ele se importam, o conhecimento resultaria de interações que se produzem entre os dois. Logo o conhecimento humano é ativo.

Conhecer um objeto é agir sobre e transformá-lo. É assimilar o real às estruturas de transformações, e são as estruturas elaboradas pela inteligência enquanto prolongamento direto da ação.

A educação se resume no processo educacional que deve provocar situações que sejam desequilibradoras para o aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de desenvolvimento em que se encontram, de forma que seja possível a construção progressiva das noções e operações, ao mesmo tempo em que a criança vive intensamente cada etapa de seu desenvolvimento.

Não se formam pessoas autônomas moralmente se os alunos são constrangidos intelectualmente, ou seja, aprender por imposição sem descobrir. Logo a escola deve dispor de condições que possibilitem a autonomia dos alunos.

Seu objetivo não deve ser o de transmitir verdades, informações, demonstrações, modelos, mas sim em que o aluno aprenda, por si próprio, a conquistar essas verdades através da criação de soluções e estratégias, é preciso que explorem ao máximo os recursos.

A escola deve ensinar a criança a observar a realidade, investigar individualmente, ter liberdade de ação, trabalhar com assuntos condizentes ao nível de desenvolvimento de suas estruturas cognitivas pelo processo de equilíbrio-desequilíbrio, oferecer oportunidades do aluno desenvolver suas capacidades motoras, verbais e mentais que serão usadas para intervir na sociedade.

A formação de grupos deve ser espontânea, o tema estudado um verdadeiro desafio que proporcione interesse, essa é a motivação, esta não vem de fora, está em aprender. Cada reequilibração é um avanço, pois o aluno construiu um conhecimento mais completo que anteriormente.

O ensino-aprendizagem deverá ter diversas formas, pois a aprendizagem do aluno depende das esquematizações. O ensino procura desenvolver a inteligência e priorizar as atividades do sujeito, aprender envolve assimilação de objetos a esquemas mentais e depende do estágio de desenvolvimento do aluno e da sua competência. Uma aprendizagem verdadeira se dá pelo da inteligência, isso é, quando o aluno elabora seu conhecimento.

O ensino deve se basear sobre os erros, pesquisas, investigação e nas soluções criadas pelos alunos para resolver os problemas e não em nomenclaturas, fórmulas e definições. É importante considerar o "aprender a aprender", pois as crianças não foram ensinadas a pensar e desenvolvem mecanismos mais avançados de pensamento conforme pensam.

Na relação professor-aluno o professor não é transmissor de informações, deve conhecer o conteúdo da disciplina e criar condições favoráveis para o processo de desequilíbrio-equilíbrio (propor problemas mas não as soluções) e cooperação moral e racional, evitar rotinas e hábitos orientando o aluno a assumir sua autonomia, deve observar o comportamento dos alunos, conversar e deixar ser interrogado por eles, pois isso auxilia na sua aprendizagem e desenvolvimento.

O aluno não é um receptor de informações e deve ser tratado conforme as características de seu estágio de desenvolvimento, seu papel é ativo na aprendizagem e constitui em realizar: observações, comparações, análises, levantamento de hipóteses, argumentação e outras operações de pensamento.

Para a metodologia nessa abordagem, não existe um modelo pedagógico, mas sim uma teoria do conhecimento e do desenvolvimento humano que trazem implicações para o ensino. H.Aebli (1978) elaborou uma didática baseada em Piaget com contribuição de H. Furth, autores difundidos no Brasil.

O trabalho em equipe não atende apenas à socialização, à superação do egocentrismo e o desenvolvimento da autonomia, é decisivo no desenvolvimento intelectual do indivíduo, pois, ao compartilharem ideias, informações, decisões e responsabilidades; cada membro do grupo atua como um controle lógico do pensamento individual.

Toda assimilação da realidade, por parte do indivíduo, necessita de seus esquemas anteriores, o uso de recursos audiovisuais não é tão relevante, pois as matérias são tratadas de modo figurativo. O importante à criança é ela construir seu material, e não ser padronizado, pois os alunos aprendem com as próprias experiências e não com as feitas pelo professor que deve unir direcionamento com liberdade aos alunos.

A avaliação Terá de ser realizada com base se o aluno adquiriu noções, conservações e relações; seu rendimento poderia ser verificado através de expressões próprias, explicações práticas e causais.

O professor terá de considerar as soluções erradas, incompletas ou distorcidas pelos alunos, pois a cada estágio de desenvolvimento, a cada indivíduo e esquemas usados, há uma resposta diferente.


Você conhecia esta abordagem e suas características? Por que ela parece tão incomum na sala de aula? São questões que ficam para refletirmos. Deixe seus comentários, perguntas e críticas. É importante essa interação!!

Bem, esperamos que esse texto tenha sido de grande valia à você e voltaremos na próxima postagem tratando da abordagem comportamentalista. Até mais!!




Referência: MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. Editora Pedagógica e Universitária, 1986.

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