A postagem a seguir vem tratar do livro “Ensino de Biologia: Histórias e práticas em diferentes espaços
educativos” de Martha Marandino et al. A intenção é que haja uma
fundamentação teórica a respeito do surgimento das ciências biológicas, muito importante
para os professores de ciências e biologia!
O texto a seguir trata do capítulo “A
modernização das Ciências Biológicas”. Acompanhe!!
Ainda no inicio de século XX os conhecimentos que estudavam a vida e
seus processos, encontravam-se separadas entre elas, caracterizada em dois
grandes grupos, os dos Descritivos da História Natural: Zoologia e Botânica; e
os experimentais, Citologia, Embriologia e Fisiologia Humana. Isso só reforçava
a menor faixa dada a esses conhecimentos biológicos em relação às outras áreas.
Mesmo com o uso do termo que define biologia com o estudo da vida, por
Lamarck e Treviranus, a unificação desses conhecimentos só aconteceu muito
depois. Não só devido à produção de conhecimentos, mas principalmente pela
influência dos movimentos sociais, filosóficos e políticos das primeiras
décadas do século XX, como a vertente Genética e principalmente o Positivismo Lógico,
que assumiu que o conhecimento era autêntico quando tinha por base o empirismo,
esse movimento trouxe a ideia de unificação das ciências diante de um único
método, a partir da Lógica e da Matemática, e foi o que resguardou filosoficamente
a ideia da unificação das Ciências Biológicas.
Esses acontecimentos foram provocando a comunidade de biólogos, que
começaram a buscar a unidade na biologia em meio às diversas áreas existentes.
Essa ação teve origem após admitir-se, em bases genéticas, a teoria da
Evolução, proposta do Charles Darwin em 1859. Nesse momento da história, mesmo
com a consolidação da seleção natural, a Teoria da Evolução tinhas algumas
lacunas, devido aos eventos Mendelianos ocorrerem apenas mais a frente. Essa
dificuldade em provar a Teoria de Darwin teve grandes reflexos nas Ciências
Biológicas, pois muitos, em seu interior, acreditam na evolução orgânica, mesmo
ela não sendo provada, assim como todas as outras vertentes das Ciências
Biológicas, que não eram tradicionalmente experimentais, mas derivam da
História Natural. A partir disso os esforços para unificação dos conhecimentos
biológicos concentraram-se em tornar a
Evolução uma ciência positivista, e foi
com a contribuição de Gregor Mendel, que esses esforços ganharam prestígio e
força.
Foi durante a década de 1910, com o aporte e pioneirismo de Ronald
Fisher, John Burdon Sanderson Haldane e Sewall Wright em genética de populações
que a evolução passou a ser aprofunda quantitativamente, um grande exemplo de
como os modelos matemáticos passaram a influenciar os pesquisadores dentro das
Ciências Biológicas é o Equilibro de Hardy e Weinberg (inicio do século XX),
esse emprego cada vez mais usual levou a Evolução a passar por um processo de
atualização e modernização. Por fim, através dos estudos de Thomas Hunt Morgan,
Hermann Joseph Muller e Theodosius Dobzhansky a evolução ficou definida como
mudança na frequência gênica em populações. Foi assim então que a genética de
populações preencheu as lacunas que existiam na teoria de Darwin, e a partir
disso, novas maneiras de interpretar e estudar essa área foram surgindo e ajudando
na unificação dessas ciências.
Entre as duas Grandes Guerras e após a Segunda Guerra Mundial o
movimento de unificação se torna mais forte e evidente nos Estados Unidos, onde
cientistas defendiam abertamente a ideia de unificação a partir da Teoria
Evolucionista. Todo o movimentos que
ocorreu em torno disso (convenções, reuniões, pesquisas, lançamento de livros e
publicações)foi denominado neodarwinismo, ou a Teoria Sintética da Evolução,
entretanto ainda existiam diversos aspectos e hipóteses a se consolidarem.
Existiam ainda muitos conflitos entre biólogos e disputas entre algumas
áreas, porém os avanços das pesquisas biomoleculares ganharam muita atenção
após o modelo de DNA de Watson e Crick que contribuíram para a consolidação da
Biologia Moderna, ampliando seu prestígio, devido ao grande valor de aplicação
e implantação.
Assim as palavras ditas por Dobzhansky “nada em biologia faz sentido, se
não for à luz da evolução”, tornam-se emblemáticas na compreensão do quão a
Evolução passou a ser a teoria organizadora do mundo dos seres vivos. Foi assim
então que tanto a Genética Molecular quanto a Citologia, assim como a História
Natural que originou a Ecologia junto a outras áreas; e isso também pode ser
aplicado a Paleontologia e aos inúmeros campos da Fisiologia se fortaleceram
com a resignação da evolução.
A modernização e a consolidação da unificação das Ciências Biológicas a
partir das Ciências Naturais e as pesquisas biomoleculares, ganharam muito
impulso com a engenharia genética que estourou na década de 1980. Nos primeiros
anos do século XXI o cenário das Ciências Biológicas é muito diferente. Os
desafios estão diante as problemáticas ambientais que vem desafiando as áreas
que envolvem a biologia a ampliar seus conhecimentos.
Portanto mesmo com a persistente existência das discordâncias internas,
é possível afirmar que atualmente todas as áreas do conhecimento das Ciências
Biológicas aceitam a Evolução, logo estão unificadas.
Esperamos que tenham gostado do texto, que é muito enriquecedor para a formação docente. Voltamos no próximo post tratando das visões deformadas da ciência. Até la!!
Referências: MARANDINO, Martha; SELLES, Sandra Escovedo; FERREIRA, Marcia Serra.
Ensino de Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos.
Marandino, M.; Selles, SE; Ferreira, MS São Paulo: Cortez, 2009.
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